10 de set. de 2011

Ella


Ela entrou na sala com a cabeça ainda quente das coisas do dia. Demorava um tempinho pra descomprimir.
Era o tempo exato de ir até o bar, preparar o whisky com muito gelo, se sentar na poltrona da varanda, olhar pro mar e ver a noite nascer...
Sempre fora fascinada pela Lua, desde criança, aquela imagem redonda, grande, brilhante flutuando no céu criava nela um sentimento bom, quente, feliz.
A sua segunda paixão era o Mar, mas com ele a relação era um pouco diferente, a final eles se viram pouco ao longo da vida. Moça da cidade, cosmopolita sempre teve pouco tempo pra ir até o mar. Só agora com a estabilidade conquistada que tinha realizado o sonho de morar de frente a ele, e ela aproveitava cada segundo disso.
Desde então tem sido praticamente um ritual, sorver a bebida, sentada na varanda, a princípio com os olhos fechados só sentindo a maresia e a brisa... Abrindo os olhos para ver o céu avermelhado dando lugar ao azul escurecido do horizonte, algumas estrelas já vindo, escutando o quebrar das ondas e vendo a noite subir.
Sentindo a brisa refrescante nas noites quentes ou se enrolar e tremer nas noites geladas do inverno, mas ela adorava isso!
Olhar o mar, sentir seu cheiro, às vezes só ouvindo o silêncio e o barulhinho das ondas quebrando. Outras com Eagles, ou talvez Heart , Purple ou Pink Floyd, dependia do tempo e do humor.
Enquanto espera a Lua nascer imagens lhe vem à cabeça, e ela vai viajando nas situações, ora revividas, ora imaginadas, nessa hora tudo acontece naquela cabeça insana, é sua técnica, desenvolvida ao longo de sua existência, é o que mantém a sanidade, a criatividade e a inspiração.
Foram tantas histórias, aventuras quentes ou às vezes tristes que se as tivesse registrado poderia ter levado a vida como escritora.
E assim, aos goles, o peso do dia vai saindo de seus ombros dando lugar ao brilho da Lua e ao barulho do mar...

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