Ela entrou na sala com a cabeça
ainda quente das coisas do dia. Demorava um tempinho pra descomprimir.
Era o tempo exato de ir até o
bar, preparar o whisky com muito gelo, se sentar na poltrona da varanda, olhar
pro mar e ver a noite nascer...
Sempre fora fascinada pela Lua,
desde criança, aquela imagem redonda, grande, brilhante flutuando no céu criava
nela um sentimento bom, quente, feliz.
A sua segunda paixão era o Mar,
mas com ele a relação era um pouco diferente, a final eles se viram pouco ao longo
da vida. Moça da cidade, cosmopolita sempre teve pouco tempo pra ir até o mar.
Só agora com a estabilidade conquistada que tinha realizado o sonho de morar de
frente a ele, e ela aproveitava cada segundo disso.
Desde então tem sido praticamente
um ritual, sorver a bebida, sentada na varanda, a princípio com os olhos
fechados só sentindo a maresia e a brisa... Abrindo os olhos para ver o céu
avermelhado dando lugar ao azul escurecido do horizonte, algumas estrelas já
vindo, escutando o quebrar das ondas e vendo a noite subir.
Sentindo a brisa refrescante nas
noites quentes ou se enrolar e tremer nas noites geladas do inverno, mas ela
adorava isso!
Olhar o mar, sentir seu cheiro, às
vezes só ouvindo o silêncio e o barulhinho das ondas quebrando. Outras com
Eagles, ou talvez Heart , Purple ou Pink Floyd, dependia do tempo e do humor.
Enquanto espera a Lua nascer imagens
lhe vem à cabeça, e ela vai viajando nas situações, ora revividas, ora
imaginadas, nessa hora tudo acontece naquela cabeça insana, é sua técnica, desenvolvida
ao longo de sua existência, é o que mantém a sanidade, a criatividade e a
inspiração.
Foram tantas histórias, aventuras
quentes ou às vezes tristes que se as tivesse registrado poderia ter levado a
vida como escritora.
E assim, aos goles, o peso do dia
vai saindo de seus ombros dando lugar ao brilho da Lua e ao barulho do mar...
Nossa, muito bom.
ResponderExcluirSaudade daqui!
Brigada! to voltando com estilo novo... vamos ver no que dá!
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